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ASSISTÊNCIAS DO PODER PÚBLICO

A Secretaria Municipal do Bem-Estar Social de Bauru possui um programa para ajudar a população em situação de vulnerabilidade social a comprar um botijão de gás. O programa existe há 10 anos e é fornecido apenas em situações emergenciais, como é o caso do período de isolamento social vivenciado atualmente. São as famílias atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município que recebem a ajuda. 

 

Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Bauru, o auxílio não é pago em dinheiro. Aqueles que podem obter o auxílio recebem um novo botijão na própria casa. A assessoria ressaltou que são poucas as cotas mensais disponíveis para o programa, mas não informou a quantidade exata.

 

Para participar, o interessado deve procurar o CRAS mais próximo de onde mora e apresentar os documentos pessoais e comprovante de residência, caso possua. Em seguida, a equipe do centro vai avaliar se a pessoa pode receber o benefício a partir da situação de vulnerabilidade social vivida pelo interessado e se essa condição foi agravada por algum evento em específico.

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Fachada da SEBES, a Secretaria Municipal do Bem-Estar Social, em Bauru (Foto: Redes Sociais)

A esfera estadual também está oferecendo auxílio para a compra do GLP para as pessoas em vulnerabilidade social. O chamado Vale-Gás foi lançado em junho de 2021 e, diferente do programa de Bauru, transfere uma renda para a aquisição do item. Serão pagas três parcelas de R$100 a cada dois meses para os beneficiários entre julho e dezembro deste ano.

 

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social de São Paulo, Bauru é uma das 82 cidades do estado participantes do programa. Na cidade, 238 famílias com renda per capita de até R$178, que não recebem o Bolsa Família e residem em “favelas, comunidades e afins” vão receber o auxílio. A seleção das famílias participantes foi feita com base nos dados coletados no CadÚnico até 19 de fevereiro de 2021. 


A iniciativa do governo de São Paulo é boa, mas poderia ser ainda melhor se a administração anulasse ou reduzisse os impostos estaduais que incidem sob o botijão de gás. Essa é a visão do economista Diego Richene. Com a anulação do ICMS sob o botijão por um determinado período, “as pessoas teriam até mais segurança na hora de efetivamente comprar. Isso porque programas sociais sempre têm um prazo de validade; o Vale-Gás está sendo distribuído agora, mas e depois? Já a redução ou a anulação dos impostos podem ter uma natureza mais permanente.”

O restaurante Bom Prato é também uma forma do governo estadual assistir aqueles que não possuem recursos para comprar comida, GLP ou precisam escolher entre os dois. Se você passa pela Praça Rui Barbosa, localizada na região central de Bauru, já deve ter notado várias pessoas comendo em uma marmita de alumínio no local, além de uma fila imensa nas proximidades. São esses os usuários do Bom Prato. 

 

O município possui apenas um restaurante, que fica na Rua Primeiro de Agosto, 8-47, Centro. A unidade da cidade funciona todos os dias da semana, até em feriados, e oferece 1.900 refeições por dia, incluindo café da manhã, almoço e jantar. As pessoas em situação de rua não pagam pelas refeições, mas o restante precisa pagar R$ 0,50 no café da manhã e  R$ 1 no almoço e na janta. O café é servido das 7h às 9h, o almoço das 10h30 às 14h e o jantar das 17h às 19h.


A Dulceneide Ferreira da Silva, de 53 anos, come no Bom Prato quando precisa ir ao centro da cidade para receber o pagamento do salário ou pagar uma conta. É com uma renda de R$1.200 por mês, que inclui o auxílio emergencial e o dinheiro que consegue fazer catando recicláveis, que Dulce vive. Com esse valor, a catadora de recicláveis não consegue nem ir todos os meses ao supermercado e ainda mais comprar um botijão que está tão caro. Ela contou que ficou “uns” seis meses sem comprar o item da cozinha. No mês de julho, conseguiu comprar porque recebeu ajuda financeira das filhas e das vizinhas.

Vê-se muito na mídia o uso do fogão a lenha como alternativa para quem não tem condições de comprar um GLP, mas a catadora de recicláveis foi sincera com relação a essa possibilidade. “Cozinhar na lenha é uma honra, mas desse jeito não dá. Você faz uma fogueira no quintal e come mais fumaça do que comida”, criticou ela. 

Imagens da Casa da Sopa em Bauru (Fotos: Redes Sociais)

 Cozinhar na lenha é uma honra, mas desse jeito não dá. Você faz uma fogueira no quintal e come mais fumaça do que comida.

A dona Jacira do Rosário Belitis, de 65, também precisa fazer um malabarismo para comprar comida e gás de cozinha e pagar as contas. Ela vive a maior parte do tempo no acampamento Guaianazes, próximo a Duartina e prefere ficar por lá, porque o custo de vida é menor. No acampamento tem sua horta própria, suas galinhas e pode cozinhar a lenha sem risco nenhum. Ela tem também uma casa em Bauru e sempre que está na cidade vai ao Bom Prato tomar o café da manhã e almoçar, já que tem passe livre no transporte público coletivo por ser idosa e pode circular pela cidade facilmente. 

 

Ela gosta da comida do restaurante, mas confessou: “ninguém gostaria de estar na fila do Bom Prato, se tivesse outro jeito. Mas não tem. Claro que gostaria de ir ao mercado comprar a comida, comprar gás de cozinha para eu mesma preparar a minha refeição. Mas não dá.”

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